Se prestarmos mais atenção aos detalhes da natureza, perceberemos que cada estação do ano traz mensagens e convites específicos. Muitas vezes temos dificuldade para enxergar esses sinais porque esquecemos que somos parte integrante do meio ambiente.

Para desenvolver o seu ritmo de vida sugiro que você se abra para vivenciar os ciclos da natureza. Ele te dará um sentimento de segurança e bem-estar, ao mesmo tempo que te auxilia nas decisões e compreensão do mundo.

Cada estação é um convite a novas posturas e oferece uma série de aprendizados para a vida. O outono é uma época recheada de significados que enriquecem nossas percepções. O outono é muito mais do que a época de transição entre os extremos de temperatura verão-inverno.

É nesta época do ano que as folhas secam e caem, os frutos maduros são colhidos e parte da colheita guardada para o inverno. É um ciclo de reflexão e início do recolhimento.

É exatamente no outono que os dias e as noites são iguais, tendo a mesma duração.  Essa simbologia é, para mim, um dos mais belos fenômenos que encontramos na natureza. Representa a transição entre as estações de mais luz e a chegada dos tempos com mais escuridão. É uma época que apela à coragem para enfrentar as longas noites e da aparente morte que se vai manifestando na natureza. Tudo nela inspira recolhimento, para que o cultivo da luz interior permita o encontro consigo próprio, num processo de interiorização consciente dos processos de vida.

A maior expressão do recolhimento e da aparente morte é a queda das folhas das árvores. Para que as folhas não se queimem no inverno, as árvores às deixam ir, economizam energia para garantir a sobrevivência dos troncos e raízes. Se preparam para o início de um novo ciclo.

As árvores nos mostram a sua sabedoria: é preciso deixar ir o que não serve mais para proteger o que é realmente importante. O que pode à princípio parecer uma perda, na verdade é um ganho, um momento de renovação.

O que você precisa deixar ir? Do que você precisa abrir mão para seguir firme nos próximos ciclos e continuar a crescer no tempo certo?

A natureza nos indica a morte do velho e o renascimento do novo. É tempo de transformação e mudança para outras atividades, para o crescimento interior. É tempo de colher os frutos maduros de nossos esforços, para que novas forças possam gerar outros futuros projetos. É tempo de avaliar tudo o que foi plantado e colhido. É tempo de agradecer a colheita seja ela farta ou escassa. É tempo de se conscientizar de todo o aprendizado, sem pedir nada neste momento.

Nós temos a oportunidade de presenciar por toda a vida as mudanças de estação, um processo natural. Essas fases de transição são necessárias para que todos os seres vivos possam seguir em frente e consigam cumprir seu papel continuadamente.

Se ficarmos atentos a essa transformação na natureza ao nosso redor, observarmos essa fase de transição e de renovação obrigatória, teremos menos dificuldade em aceitar que passamos também por esses mesmos períodos.

Talvez seja chegado o momento de tomar consciência e assumir uma atitude de compromisso consigo, desapegando-se daquilo que não lhe serve mais, daquilo que está impedindo seus passos rumo às próximas estações de seu crescimento. Durante essa época é válido observar quais elementos em você precisam ser sacrificados para que o mais sagrado para sua vida seja preservado ou resgatado.

Não é simples nem fácil, mas também não é impossível. Como tudo na natureza, nossos processos de mudança precisam de tempo para se instalarem, amadurecerem e serem colhidos. Dia após dia, reflita sobre os pesos desnecessários que carrega e que atrasam a sua caminhada. Vá desapegando, deixe ir. Depois da noite sempre vem o dia, vale a pena se libertar para deixar nascer um novo tempo.

A abundância da colheita também traz consigo o senso de preparação para o momento do frio que se aproxima e a consciência para entrarmos no momento de introspecção, voltar ao nosso interior e nos prepararmos para os meses de inverno.

É interessante dar fim a qualquer coisa que não dê sentido à nossa vida, sejam objetos, emoções, tarefas, pessoas ou o que quer que seja. Ao mesmo tempo que nos libertamos do que não mais nos pertence, devemos agradecer por tudo o que nos foi dado. Cada coisa que segue seu destino dá espaço ao renascimento, à possibilidade de mudança.

Às vezes não estamos prontos para deixar ir algumas coisas e, para elas, devemos passar por uma fase de aceitação até chegar ao desprendimento. Lembre-se que você tem escolhas.

Aproveite essa nova estação do ano e proponha-se ao exercício do desprendimento e do desapego. É mais simples começar pelos armários e prateleiras. Veja quantas roupas, objetos e ‘tranqueiras’ ficaram entulhadas ao longo dos anos sem qualquer uso. Despeça-se e crie espaço para as novidades. Este gesto ajuda no processo de desprendimento mais profundo.

Remexer os armários traz à tona lembranças, sentimentos e comportamentos que, agora na superfície, ficam mais visíveis. Estar cara à cara com velhos hábitos e padrões são uma excelente forma de iniciar uma mudança mais profunda. Acolha o que ainda faz parte de você e se desprenda do que não for mais necessário.

Assim, quando chegar a primavera você já estará preparado para sentir o perfume das flores. Mas não precisa ficar ansioso nem se preocupar demais, pois a cada ano temos um novo outono.